Shamália Gayl de Sousa Soares

Neste livro, resultado de uma pesquisa acadêmica que mobiliza aportes teórico-metodológicos de História, Literatura e Estudos Visuais, situo a trilogia Millennium, publicada entre 2005 e 2007, na tradição do romance histórico cuja narrativa policial imaginada acompanha eventos reais experienciados pelo autor, Stieg Larsson. Como jornalista investigativo especialista em extrema-direita na Suécia, Larsson tinha muito a dizer sobre a segunda metade do século passado e seu discurso transparece nos enredos protagonizados por Lisbeth Salander e Mikael Blomkvist. A trilogia, transposta para o cinema sob as direções de Niels Oplev e Daniel Alfredsson, oferece imagens de violências na virada do terceiro milênio que podem interessar a historiadores. Por uma forja plástica e elástica da figura violência (que permite imaginar, ver e sentir), seus autores (nos livros e nos filmes) construíram um visual imagético capaz de deslocalizar o olhar de leitores e espectadores em direção oposta ao que, em geral, se espera da exposição excessiva de violências. Como resultado, defendo que tal imersão visual ao lado da ponderação historiográfica pode ensejar adesão a não violência. Nisto, a trilogia Millennium é propedêutica em relação ao passado prático.

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